É no Porto que está uma das mais recentes novidades do grupo. Ainda sem nome, o projeto pensado para a zona de Campanhã é assinado por Eduardo Souto Moura e vai custar um total de 20 milhões de euros.
O empreendimento terá cerca de 4.000 metros quadrados de escritórios, 7.500 metros quadrados de habitação, 3.000 de hotel (“short/medium stay”), incluindo restauração.
Também este projeto deverá seguir o conceito “live, work, play”. Será um projeto «100% sustentável, também NZEB. Acreditamos muito nesta zona da cidade e na necessidade de criação de habitação acessível», arma Kandiyoti.
O pedido de licenciamento deverá ser submetido à Câmara Municipal do Porto dentro de alguns meses. «Prevemos começar a construção dentro de um ano e meio. Queremos bons projetos, mais do que projetos rápidos, que respondam às necessidades do mercado», explica.
Nos planos, está também um «grande projeto» misto deste género, de habitação e escritórios, para a zona da Grande Lisboa, a desenvolver nos próximos 5 a 6 anos, mas o responsável diz que ainda é cedo para revelar mais pormenores ao mercado.
Habitação acessível é possível sem os programas públicos
Claude Kandiyoti não deixa de destacar a necessidade de habitação para o segmento médio em Portugal, e acredita que é possível criar esta oferta, mesmo sem aderir aos programas existentes, sejam do Governo ou das autarquias. «Podemos criar essa oferta, nomeadamente através da redução da área dos apartamentos, e trabalhando no custo da construção, mantendo a qualidade».
Considera que «os programas de habitação acessível disponíveis não são atrativos para o nosso business model, apesar de serem distintos. Nas áreas onde estamos interessados em investir, no Porto por exemplo, já existem benefícios scais semelhantes aos prometidos pelos programas municipais por se situar em ARU, por exemplo. Só pagamos 6% de IVA da construção e não temos outras restrições», exemplica.
Sustentabilidade é prioridade
A Krest não abdica da sustentabilidade, e quer que todos os seus projetos sejam NZEB. «É um dos desaos que colocamos logo aos arquitetos, o projeto tem de ser sustentável logo à partida, e a pegada energética tem de ser zero». Os arquitetos parceiros devem ser capazes de encontrar estas soluções, «é um critério para trabalhar connosco».
A Krest está a desenvolver mais de 6.000 unidades de habitação e mais de 85.000 metros quadrados de escritórios em toda a Europa e, na sua experiência, «custa-nos mais 100 euros por metro quadrado se seguirmos estes princípios de sustentabilidade. Não é normal que nos digam que o custo vai ser 40% superior, temos de fazer sustentável sem uma grande subida dos custos».
Mas, para isso, «precisamos que as autarquias sejam claras e entendam o que é a sustentabilidade. Se submetermos projetos com novas técnicas que depois não são aprovadas, camos presos, por isso precisamos de manter esse diálogo». Por outro lado, «precisamos de perceber como vamos ajudar os clientes a perceber o seu papel numa habitação mais sustentável: menos metros quadrados, mais terraços, menos carros, mais transporte público. É um processo de longo prazo».
“Ser promotor imobiliário hoje é complicado em toda a Europa”
Na experiência de Claude Kandiyoti, «ser promotor imobiliário hoje é complicado em toda a Europa. Os processos de licenciamento são complicados em todo o lado, e é por isso que temos tantos problemas de falta de habitação. Em Portugal, o processo é ligeiramente mais lento a comparar com a Bélgica, por exemplo, mas aí os problemas são mais políticos, e aqui tem mais a ver com a burocracia», explica.
O líder da Krest garante que «queremos passar a mensagem de que estamos para ficar, e trabalhamos numa comunicação séria entre as autoridades e os promotores imobiliários. Precisamos de respostas rápidas». Por outro lado, salienta a necessidade «de um procedimento claro para que se perceba o que é necessário para levar o projeto avante», e da definição de timings, pois «é impossível trabalhar em projetos de dezenas de milhões de euros sem saber quando vamos ter respostas, o licenciamento, etc». E especica que, atualmente, «em média, temos o nosso licenciamento em 20 meses, é muito tempo, é quase tanto tempo para a licença como para construir o projeto em si. E isso custa muito dinheiro».